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Author: Bruno Faria

Aquecimentos: Modo em Sol

Aquecimentos: Modo em Sol

Uma forma comum de aquecimento é tocar escalas (tons em sequencia). As escalas mais tocadas são as escalas maiores e menores. Mas existem tipos diferentes de escalas nas quais a sequência de tons varia. Algumas dessas são chamadas de modos eclesiásticos ou modos gregos. O primeiro destes modos tem a mesma estrutura que a escala maior e é conhecido como modo jônio. Você pode ler mais sobre os modos AQUI.

No exercício abaixo vamos explorar os modos da seguinte forma: começaremos sempre com a mesma nota (o tom sol); dividiremos a escala em 2 partes, tocando primeiro 4 notas em um movimento ascendente e depois 4 notas em um movimento descendente (partindo sempre da nota sol).

A partir do exercício acima podemos explorar os modos de muitas formas diferentes. Podemos por exemplo tocar em oitavas diferentes ou variar a articulação. Uma forma interessante de trabalhar é tocar o exercício com a nota sol soando ao fundo, o que se chama como bordão or drone em inglês. Na internet existem diferentes gravações que você pode usar (por exemplo com violoncelo ou com tanpura). Enquanto você ouve o som constante de algum desses instrumentos e toca a escala você pode saborear a qualidade de cada intervalo e ao mesmo tempo trabalhar com sua afinação.

Outra opção é usar o musiclab como fundo e como ferramenta para visualizar tanto os intervalos quanto a diferença na estrutura de cada modo. AQUI eu escrevi as notas fazem parte do exercício acima.

Você pode também criar suas próprias melodias depois de ter entendido melhor a estrutura de cada modo. Através de cada modo é possível explorar diferentes emoções. Aqui está um exemplo no qual eu toco um pouco em cada modo ao fundo de uma tanpura:

Soundpainting 03

Soundpainting 03

Vamos conhecer o sinal ATAQUE. Ele funciona de forma similar ao NOTA LONGA que vimos no posts anteriores, no sentido que os/as performers escolhem um tom em um determinado registro. Veja o video abaixo:

Como soundpainter você prepara o grupo mostrando as duas mãos com as pontas dos dedos indicador e polegar unidos em forma de pinça, com a ponta dos dedos voltadas para o grupo à altura dos ombros.

Simultaneamente dê um passo à frente e movimente os braços como se fosse jogar alguma coisa para o grupo. Quando o movimento dos seus braços se encerra, solte o indicador e o polegar. Neste momento o grupo responde tocando uma nota curta, como um staccato. Após a execução da nota o grupo deve permanecer em silêncio, até que outra nota ou ação seja sinalizada.

Caso seu movimento seja mostrado acima da cabeça, o resultado será uma nota no registro agudo. Se o movimento for na altura dos ombros ou tórax, o resultado será uma nota no registro médio. Se o movimento for abaixo da cintura, o resultado será uma nota no registro grave.

Como fazemos para combinar ATAQUES e NOTAS LONGAS então? Veja o vídeo abaixo para entender a forma mais comum:

Quando o/a soundpainter prepara e ativa um ATAQUE enquanto uma NOTA LONGA estiver sendo tocada pelo grupo os/as performers devem tocar o ATAQUE e imediatamente voltar para a mesma NOTA LONGA que estava sendo tocada!

Neste vídeo temos também dois novos sinais. Vamos ver quais são e como funcionam.

O primeiro chama-se IR PARA (ingl. GO ON TO) e significa que os/as performers devem ir de um conteúdo para outro assim que o primeiro acabar de ser executado. Este é um sinal que é usado sempre nos momentos de preparação, ou seja, antes das novas sonoridades serem ativadas pelo/a soundpainter. O sinal deve ser mostrado da seguinte maneira:

Depois de mostrar qual é o primeiro sinal a ser seguido pelo grupo desenhe no ar e um meio circulo em frente ao seu corpo, partindo do meio do seu corpo (à altura da barriga) para a lateral do corpo. Logo em seguida apresente o segundo sinal que o grupo deverá utilizar.

O outro sinal utilizado nesse exemplo é a junção dos sinais ATAQUE e PARE. Esta combinação determina que após o ATAQUE haverá silêncio e não um retorno à sonoridade que estava sendo tocada anteriormente. Essa combinação destes dois sinais deve ser mostrada para o grupo da seguinte maneira:

Mostre o sinal ATAQUE normalmente, mas logo em seguida faça um pequeno movimento fechando as duas mãos lateralmente.

Soundpainting 02

Soundpainting 02

Olá! Aqui damos continuidade ao post passado.

Dois novos sinais serão apresentados. O primeiro é utilizado para estabelecer memórias e o segundo para modificar o som sendo tocado subido ou descendo alguns tons ou semitons.

Veja o seguinte filme e leia/veja o material para entender mais:

Você já conhece os sinais VOCÊ – NOTA LONGA – MODIFICADOR DE VOLUME, assim como os sinais que identificam quando o grupo (ou indivíduos do grupo) vão iniciar seu material (TOCAR) ou parar de tocar (PARE). Caso contrário, veja o post anterior: SOUNDPAINTING 01.

Vamos focar nos sinais novos desse post.

Veja abaixo a sequência com os sinais ISTO ÉMEMÓRIA NR. 1. O primeiro (ISTO É) consiste de um movimento horizontal em frente ao corpo, como se você tivesse passando a mão em alguma superfície plana. O segundo (MEMÓRIA) consiste em apontar com o dedo indicador de uma das mãos para parte lateral da cabeça/testa: para têmpora) e com a mão oposta mostrar um número que identifica a memória: MEMÓRIA NUMERO 1.

Com o sinal ISTO É (ingl. THIS IS) chama-se a atenção para aquele material que você como soundpainter deseja utilizar de alguma forma específica. Após mostrar este sinal você pode mostra o sinal para MEMÓRIA (ingl. MEMORY) seguido de um número. Você pode estabelecer várias memórias ao longo de uma performance e os números ajudam para que todos consigam distinguir uma memória de outra. A utilização de memórias ajuda a criar unidade nas peças e serve como base para vários tipos de desenvolvimento.

Você mostra ao grupo MEMÓRIA 1 – TOCAR da seguinte forma:

Como resultado, após o gesto TOCAR, o grupo reapresentará o mesmo material que havia sido tocado quando você estabeleceu a MEMÓRIA 1.

Vamos conhecer então um novo gesto de modificação, que se chama TOM ACIMA/ABAIXO (ingl. PITCH UP/DOWN). Da mesma forma que você como soundpainter pode modificar a dinâmica (volume) do que está sendo tocado através do sinal MODIFICADOR DE VOLUME você pode também alterar a altura do que o grupo está tocando utilizando o sinal TOM ACIMA/ABAIXO. Dessa forma abrem-se novas possibilidades melódicas para sua composição.

Veja isoladamente o sinal TOM ACIMA/ABAIXO abaixo:

Flexione os dedos mostrando a parte posterior dos mesmos para o grupo. Se a ponta dos dedos estiverem apontadas para cima a alteração dos tons segue em direção aos agudos e vice versa. Aos performers podem então escolher se a alteração será de meio tom ou tom inteiro (e essa escolha pode ser renovada a cada vez que o sinal é utilizado, ou seja, um músico pode alternar livremente entre modificar seu material por meio tom ou tom inteiro).

Ao mostrar as mãos para o grupo você prepara os/as performers para a mudança. Ao dar um passo à frente, levando os braços e mãos à frente do corpo de forma similar como faria com o sinal TOCAR você indica o momento exato em que os performers devem fazer a alteração entre tons.

Experimente com algumas variações. Por exemplo:

  • posicione uma mão com as pontas dos dedos voltadas para cima e a outra com as pontas dos dedos voltadas para baixo: dessa forma uma parte do grupo se moverá em direção aos agudos enquanto outra se moverá em direção aos graves;
  • utilize as mãos direita e esquerda alternadamente: dessa forma você poderá criar efeitos melódicos diversos ao dividir o grupo em duas partes
  • utilize ritmos diferentes quando estiver alterando os tons que o grupo toca
Soundpainting 01

Soundpainting 01

Soundpainting é um método que possibilita a criação artística e musical através da interação entre pessoas. É possível utilizar esse método nas áreas da música, dança, teatro, artes visuais além outras formas de expressão (por exemplo poesia, circo).

Ao invés de usar por exemplo notação musical utiliza-se sinais corporais como forma de comunicação e ferramenta de criação. A pessoa que dirige o processo criativo, decidindo quais sinais serão utilizados em cada momento de uma performance, chama-se soundpainter. Aqueles que fazem parte do grupo improvisam de acordo com o significado de cada sinal apresentado pelo/a soundpainter. O nível de abertura para improvisação varia de acordo com o significado de cada sinal e com a forma que o/a soundpainter os utiliza.

Aqui está um pequeno vídeo-exemplo (veja o material abaixo do video para saber mais sobre cada sinal utilizado no exemplo):

Neste exemplo utilizei os seguintes sinais:

  • O sinal “VOCÊ” (inglês: “you”) é utilizado para especificar indivíduo(s) em um grupo;
  • O sinal “NOTA LONGA” (inglês: “long tone”) requer do performer que escolha uma nota longa dentro de um determinado registro (grave, médio ou agudo) e que toque essa nota sem modifica-la
  • O sinal “TOCAR” (inglês: “play”) indica um claro ponto de início para a performance. A performance deve começar exatamente quando as os braços do/a soundpainter se esticarem à frente ao corpo
  • O sinal “TODO GRUPO” (inglês:”whole group”) indica que todos membros/as do grupo irão responder aos sinais subsequentes
  • O sinal “Modificador de Volume” (inglês: “volume fader”) é usado tanto para estabelecer níveis de dinâmica antes da performance de algum conteúdo ser iniciada quanto para modificar a dinâmica do grupo enquanto a performance acontece
  • O sinal “PARE” indica o momento preciso em que um determinado material deve parar de ser tocado

Veja isoladamente a sequencia dos sinais VOCÊ – NOTA LONGA (registro grave)- TOCAR:

O sinal para NOTAs LONGAs pode ser apresentado em três posições em relação ao corpo do/a soundpainter e pode gerar tipos diferentes de resposta de acordo com a área de atuação do/a performer:

  • abaixo da cintura: nota longa no registro grave (na música); movimento contínuo e lento (na dança); primeiro som de uma palavra com uma voz grave (no teatro)
  • na altura do peito: nota longa no registro médio (na música); movimento contínuo e meio-rápido (na dança); primeiro som de uma palavra com uma voz no registro médio (no teatro)
  • acima da cabeça: nota longa no registro agudo (música); movimento contínuo e rápido (dança); primeiro som de uma palavra com a voz no registro agudo (teatro)

Veja isoladamente o sinal para modificar o volume enquanto a performance acontece (ingl. “VOLUME FADER”):

Como soundpainter você apresenta o sinal de modificação de volume como preparação e, ao dar um passo à frente, você mostra em que direção o volume será alterado fazendo a mão em forma de “V” subir ao longo do ante-braço para um crescendo ou descer para um decrescendo

E aqui estão dois sinais importantes que indicam 1. que todos membros do grupo deverão seguir os sinais seguintes – “TODO GRUPO” (Ingl. “WHOLE GROUP”), e 2. uma indicação clara de interrupção da performance – “PARE” (Ingl. “OFF):

Apenas com estes 6 sinais é possível criar composições interessantes e trabalhar a expressividade de um grupo, seja ele formado por amadores, estudantes ou profissionais. Veja o próximo post para aprender como utilizar outros sinais em combinação com estes que você aprendeu aqui!